
Não sei se isto está acontecen-do em toda a cidade, mas a Barra está infestada de cigarras. Para quem não está ligando o nome à pessoa, são aqueles bichinhos que inspiraram a fábula de La Fonteine, na qual as formigas são previdentes, trabalhadoras, labutam o ano todo, recolhendo alimentos, e as cigarras aproveitam o verão para se divertir e cantar, cair na esbórnia. Quando vem o inverno, as formigas estão lá embaixo na terra, agasalhadas, com a despensa abastecida, e as pobres cigarras congelando no frio, sem qualquer grão de comida.
Achava que esses insetos só cantassem no final da tarde, mas seu chiado atravessa o dia inteiro, varando a madrugada. Esta noite, às 3 e meia, havia uma sinfonia aqui do lado de fora. O zunido é tão infernal que fica amplificado no Ipod, virando um tormento correr na rua ouvindo uma música.
Minha obsessão com as cigarras me levou ao dicionário e aprendi que esses insetos são homópteros da família dos Cicadídeos. E são os machos que têm um aparelho estridulatório, o que faz emitir o som característico.
A moral da história é: o cigarro sempre incomoda, seja fumado, seja cantando!