Dois personagens meus,
de um romance ainda não publicado, vivem em busca da felicidade, cada um a seu
modo. Para ela, felicidade é trabalhar, ganhar bem, ter estabilidade e um
grande amor. Para ele, felicidade é pura abstração.
Tenho pensado
muito sobre ser feliz, esse ideal da imaginação, não da razão, diria Kant.
Às vezes, é só um
por do sol, que traz linhas avermelhadas ao céu azul. Noutras, é o nascer
daquele mesmo sol, com seus tons amarelos surgindo por atrás da Pedra da Gávea.
O mar batendo na
areia, se recolhendo e voltando a bater, a espuma branca e aquele cheiro de
maresia. Pura felicidade. A lua cheia, gigantesca, que existe desde muito antes
de nós mesmos, trazendo um encantamento enorme, sendo fotografada e figurando
nas melhores mídias sociais. O que é isso, uma abstração?
O piano de Tom em
Wave, a voz de Nina Simone com Please, Don’t Let me be Misunderstood, Caetano com Vampiro, as dancinhas do Renato e Non, Je Ne Regrette Rien, com Cássia Eller. Se isso não é
felicidade, eu não sei mais o que é.
Dizem que torcer
pelos amigos nos faz feliz. Amigos são tudo na vida, saber que existe alguém
assim ou assado, de um jeito todo especial, e que gosta da gente porque a gente
é o que a gente é traz uma esperança para
a vida que só pode mesmo levar a ela, à tal da felicidade.
Correr riscos
também traz boa sorte, segundo outro estudo. Sair da zona de conforto é muito
bom mesmo, perseguir novos objetivos e ter novos sonhos, sim, faz muito bem. O
ser humano é inovador por natureza, sempre se arriscou, ou não teríamos chegado
aqui. Talvez tenha se arriscado em busca
de alguma coisa maior, indescritível, que proporcione uma descarga de
endorfina, serotonina e outros hormônios.
Fazer aniversário
é um outro motivo para o contentamento. Meu aniversário é hoje, em plena
segunda-feira. Eu só posso comemorar
recebendo abraços e beijos reais e parabéns
virtuais de tantos amigos espalhados por aí. Tem gente que não gosta de
celebrar, reclama de envelhecer. Para mim, é a única opção da vida. É bom ter
rugas, cabelos brancos e essa coisa que chamam de tranquilidade de ter chegado
até aqui.
A partir de hoje, toda semana vou dar uma passada lá para algumas observações sobre o dia-a-dia, de gente
que passa na rua e cruza comigo, gente que ganha as páginas de jornais e, de
alguma forma, também cruza com o meu olhar. De gente que está nas telas, nos
palcos, em livros. De gente que não é gente, que é bicho, cachorro, gato.
Enfim, pretendo
registrar alguns momentos de felicidade, de tristeza, melancolia, de tudo
o que a gente sente nessa jornada imprecisa que é viver. Pura abstração.
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