Paz, contemplação e tranquilidade era o que tínhamos naqueles dias passados em Oslo, há um ano, e que eu repetiria, hoje, agora, se pudesse.
Na Escandinávia, optamos por fazer como os nativos: ir a todos os lugares de bicicleta, e em Oslo não foi diferente. Motoristas e pedestres respeitam as leis de trânsito, de forma que pedalar “em norueguês” é muito simples. Há empresas que alugam bicicletas e fazem bike tours, o que é muito bacana, pois criam uma chance de se ver um outro lado da cidade e ter informações que vão além das apresentadas pelos guias tradicionais de turismo.
Com uma população de cerca de dois milhões de habitantes, Oslo é considerada a cidade com melhor qualidade de vida, e a Noruega lidera o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A renda média é de 48.688 dólares, a expectativa de vida, de 81 anos, e os noruegueses têm mais de 12 anos de escolaridade.
Sentimos esse alto padrão de qualidade de vida e de educação assim que chegamos. Aeroporto bem sinalizado, espaçoso, limpo, bonito e eficiente – as malas chegam às esteiras praticamente ao mesmo tempo em que desembarcamos do avião e percorremos o caminho até o saguão. Toda a sinalização está disponível em inglês, e há um estande próximo da saída onde funcionários auxiliam a encontrar hotéis, meios de transporte e dão outras informações úteis aos viajantes. Transporte público, como ônibus e metrô, são eficazes e pontuais, além do trem que liga o aeroporto ao centro e a outras regiões do país. A cidade é limpa, as ruas, iluminadas e a sensação de segurança é alta.
Uma região interessante é a de Aker Bridge, um antigo píer que foi remodelado a partir da década de 1980 e, em 1998, ganhou shopping center, cinema, escritórios e edifícios residenciais, além do Museu de Arte Moderna Astrup Fearnley, um prédio de vidro e metal de frente para os fiordes. Segundo o guia do bike tour que fizemos, um polonês que vive na cidade há anos, “se você tiver uma carteira gorda, pode comprar um apartamento de 40 metros quadrados pela bagatela de 2,5 milhões de dólares naquela região”.
O Museu Munch é uma parada obrigatória, no bairro de Tøyen, e além da obra do principal artista norueguês, o expressionista Edvard Munch, mostra sua trajetória, seus estudos e pesquisas na área de ciências e medicina, uma de suas obsessões.
Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.
Munch escreveu em seu diário esse momento, considerado a base para a série de quatro pinturas, intituladas Desespero, feitas entre 1893 e 1910, e que, depois de sua morte, ficaram conhecidos como O Grito. Ele fez quatro versões para ir substituindo as originais à medida que elas eram vendidas. Duas podem ser vistas no Museu Munch, onde também estão expostos esboços anteriores à obra. A primeira versão, de 1893, está na Galeria Nacional de Oslo e o quarto foi arrematado por colecionador particular num leilão.
Não houve nenhum desespero nosso ao passear pelo pier, vendo ao longe o fiorde. O céu estava azul claro e o sol começava a morrer, às 23:30. Às 3 da madrugada, um lusco fusco iluminava a noite de verão em Oslo. No verão, não anoitece nunca.
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