Cinco de maio de dois mil
e treze foi o dia em que ele nasceu. De novo. Era um domingo de céu azul
radiante como são os céus de outono.
Depois de uma pedalada de cinquenta e três quilômetros
na praia, ele se sentiu cansado e um pouco enjoado. Na piscina, relaxou. Foi
quando o coração começou a doer como nunca havia
doído até então. A respiração ficou pesada e cada vez era mais difícil inspirar
o ar para os pulmões. Um suor viscoso cobriu rapidamente todos os poros. A pressão ficou muito
baixa, a uma linha de separação de um desmaio. A pele muito pálida. Os lábios arroxeados.
Telefone. Emergência. Um-nove-três. Ambulância. Paramédicos. Medo. Injeção. Sirene. Sinal vermelho. Carros na frente. Ninguém dá passagem. Verde. Sirene. Hospital. Medo. Cirurgia. Stent.
Medo.
Naqueles dias de desamparo
no hospital gelado e paredes sem cor, eu me lembrava com constância desse verso de Vinícius, como que buscando um
mantra para me manter sã: Eu morro
ontem/ Nasço amanhã/ Ando onde há espaço / Meu tempo é quando.
Sempre confiei no tempo, sabia que era preciso viver um dia depois do outro. Uns dias melhores, outros nem tanto. Mas um dia depois do outro.
Cinco de novembro de dois
mil e treze. Seis meses. Reabilitação completa. Noventa de colesterol. Três
quilômetros na esteira. Musculação. Dois mil metros na piscina. E muito mais pela frente.
Agora meu mantra é
Leminski e me sinto tão bem: Haja hoje para tanto ontem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário