“Abrindo um antigo caderno
foi que
eu descobri:
Antigamente eu era eterno”.
Plagio Leminski quando folheio o velho álbum
de fotografias e dou de cara com alguém que fui.
O tempo é um mistério que não há
física quântica que resolva. Sinto muito, Einstein ou Hawking, o tempo é
indecifrável. Ele passa, simples assim, passa, sem dar muitas explicações.
Tem quem ache que
passa rápido, outros, que demora.
Tem gente que sabe que o tempo cura dores e feridas do corpo ou da alma.
O tempo voa, é o que eu penso.
De uma hora para a outra, estamos em
outubro. Quase 2014.
De uma hora para a outra, tenho
rugas ao redor dos olhos, onde antes era uma pele lisinha.
De uma hora para a outra, aparecem
fios brancos na cabeleira, que cismam em crescer rebeldes e mais grossos
ainda, se destacando entre os pares castanhos.
De uma hora para a outra, sinto que
meus joelhos, que antes passavam despercebidos, doem quando corro.
De uma hora para a outra, a dentista oferece promoção para clarear os dentes. E quem sabe depois
eu me animo para um preenchimento ao redor da boca?, brinca por aí.
De uma hora para a outra, vou ao médico
e ele pede marcadores a mais no exame de sangue.
De uma hora para a outra, vejo a
fotografia amarelada da minha mãe com a minha idade e me sinto uma cópia dela,
com roupas mais modernas. Quando eu era eterna, isso era quase impossível. Eu era tão diferente de tudo o que havia por aí.
Antigamente eu era eterna.
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