segunda-feira, 7 de outubro de 2013

ANTIGAMENTE EU ERA ETERNA









“Abrindo um antigo caderno 
foi que eu descobri:
 Antigamente eu era eterno”.

Plagio Leminski quando folheio o velho álbum de fotografias e dou de cara com alguém que fui.

O tempo é um mistério que não há física quântica que resolva. Sinto muito, Einstein ou Hawking, o tempo é indecifrável. Ele passa, simples assim, passa, sem dar muitas explicações.

Tem quem ache que passa rápido, outros, que demora.  Tem gente que sabe que o tempo cura dores e feridas do corpo ou da alma.  

O tempo voa, é o que eu penso. 

De uma hora para a outra, estamos em outubro. Quase 2014.

De uma hora para a outra, tenho rugas ao redor dos olhos, onde antes era uma pele lisinha. 

De uma hora para a outra, aparecem fios brancos na cabeleira, que cismam em crescer rebeldes e mais  grossos ainda, se destacando entre os pares castanhos.

De uma hora para a outra, sinto que meus joelhos, que antes passavam despercebidos, doem quando corro.

De uma hora para a outra, a dentista oferece promoção para clarear os dentes. E quem sabe depois eu me animo para um preenchimento ao redor da boca?, brinca por aí.

De uma hora para a outra, vou ao médico e ele pede marcadores a mais no exame de sangue.  

De uma hora para a outra, vejo a fotografia amarelada da minha mãe com a minha idade e me sinto uma cópia dela, com roupas mais modernas. Quando eu era eterna, isso era quase impossível.  Eu era tão diferente de tudo o que havia por aí. 

Antigamente eu era eterna.






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