Tony Bellotto escreveu uma preciosidade na coluna que mantém na Veja on line, chamada I don’t like mondays. Reproduzo-a abaixo:
Na manhã de uma segunda-feira de janeiro de 1979 a estudante norte-americana Brenda Ann Spencer, de 16 anos, abriu a janela de seu quarto em San Diego, Califórnia, pegou o rifle que havia ganhado de presente de Natal do pai, e começou a disparar aleatoriamente na direção de uma escola primária do outro lado da rua. Naquela hora da manhã a maioria dos alunos da escola aguardava na calçada a abertura dos portões. Ao final do tiroteio o diretor da escola e um inspetor estavam mortos, e oito crianças e um policial feridos. Depois de presa, durante o interrogatório, Brenda justificou sua atitude dizendo: “Eu só atirei por diversão. Eu não gosto de segundas-feiras”.
Esse crime horroroso inspirou os músicos da banda irlandesa The Boomtown Rats a compor seu maior hit, I Don’t Like Mondays. Bob Geldof, vocalista da banda, ficou mundialmente conhecido tempos depois por organizar concertos beneficentes como Band Aid, Live Aid e Hands Across America. Brenda Ann Spencer, nitidamente desequilibrada emocionalmente – e alegadamente sob efeito de álcool e drogas -, foi condenada a 25 anos de prisão pelo crime.
O que transformou I Don’t Like Mondays num hit, independente do crime terrível a que se refere, e sem desmerecer o talento dos músicos do Boomtown Rats, foi a identificação que todos sentimos pela frase “Eu não gosto de segundas-feiras”. É claro que esse desgosto não justifica que saiamos disparando tiros pela janela, mas qual de nós já não se sentiu o mais miserável dos seres numa segunda-feira de manhã? Pois é como me sinto hoje, primeiro de novembro de 2010, segunda-feira, ao despertar.
Você pode argumentar que sendo músico – e trabalhando em geral nos fins de semana – eu deveria adorar as segundas-feiras, pois elas são os meus sábados. Ok, mas o fato de Dilma Roussef ter ganho a eleição me deixou na maior ressaca. Você pode insistir, dizendo que Dilma é a primeira mulher presidente do Brasil, ou que nossa economia vai de vento em popa, e que nossos pobres já não são mais tão pobres. Ok, mas continuo ressacado mesmo assim. Eu não gosto de segundas-feiras.
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